Número de casos diminuiu, em relação a 2022, mas média ainda é alarmante, de 12 casos por dia. Nesta segunda-feira (27), PM evitou um caso em Guadalupe.
Número de casos diminuiu, em relação a 2022, mas média ainda é alarmante, de 12 casos por dia, em média. Nesta segunda-feira (27), PM evitou um caso em Guadalupe.
Um levantamento da Federação das Indústrias do RJ (Firjan) mostra que o roubo de cargas causou um prejuízo de R$ 388 milhões para o estado, no ano passado. O número de casos diminuiu, mas ainda são 12 roubos de carga por dia, em média, no Rio de Janeiro.
Os casos acontecem em qualquer dia e a qualquer hora. Os roubos de carga já viraram uma triste rotina no estado. Como os registrados em 14 de dezembro de 2022, na Ilha do Governador, no dia 22 e dezembro na Linha Amarela – quando um policial reformado foi baleado – ou o utro caso ocorrido em 19 de outubro, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Nesta segunda-feira (27), a Polícia Militar evitou o roubo de uma carga de aveia avaliada em R$ 50 mil, na Avenida Brasil, na altura de Guadalupe, na Zona Norte. A carga estava a caminho do Complexo do Chapadão, no mesmo bairro.
A quantidade de roubos é alarmante e faz muitos caminhoneiros mudarem de rota e evitarem passar pelo Rio de Janeiro.
Luciano Feu, que veio do Espírito Santo, é caminhoneiro há 32 anos e transporta bobina de aço, uma carga avaliada em até R$ 30 mil. Ele dirige normalmente entre os estados do Sul e do Sudeste do país. E conta que se sente mais inseguro ao passar pelo Rio
“Esse trecho de trás que faz o Arco Metropolitano é bem complicado.
A gente sempre se programa para passar aqui. Tem uns horários que tem mais movimento durante o dia, para não ter risco mesmo”, disse Feu.
Quem cruza essas rodovias no caminhão geralmente tem história de insegurança para contar. Segundo a Firjan, em todo o ano passado foram registradas mais de 4.200 ocorrências de roubo de carga.
O prejuízo para o estado é de aproximadamente R$ 388 milhões. Isso sem contar os custos indiretos, como a contratação de segurança e de seguro contra esse tipo de atividade criminosa.
O número de roubo de cargas no ano passado foi o menor dos últimos oito anos, segundo a Firjan. Cenário ainda preocupante, com média de 12 casos por dia.
A Região Metropolitana concentra cerca de 97% dos casos. Metade das ocorrências estão nas principais rodovias fluminenses: Washington Luís (BR-040), Avenida Brasil, Via Presidente Dutra e Arco Metropolitano.
Só em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde o Arco Metropolitano e a BR-040 se encontram, o aumento de ocorrências chega a 43%. Além da importância logística, a região concentra grandes polos industriais.
Outra área onde houve aumento de roubos foi no Porto do Rio. Um crescimento de 70% comparado a 2021.
Entre os resultados positivos, houve queda significativa no número de roubos em Neves, em São Gonçalo, e Sete Ponte, em Belford Roxo, como destaca Isaque Ouverney, da Firjan.
“É preciso ressaltar também que o roubo que acontece na rodovia é apenas uma parte, um elo de toda uma cadeia de ilegalidade que se alimenta desse roubo. Não é um prejuízo apenas. A indústria que perdeu aquele produto, que teve seu produto roubado, mas é um prejuízo socioeconômico, é um prejuízo em termos de empregos perdidos, oportunidades de desenvolvimento de afastamento de investimentos daquela região”, disse Ouverney.
A violência afeta também o bolso do consumidor, porque os produtos acabam chegando mais caros para a população.
O dono de uma empresa de pescados conta que muitas transportadoras evitam fazer viagens interestaduais e cita o estresse dos motoristas que acabam tendo o psicológico afetado.
“A gente hoje tem muitas dificuldades de estar trazendo mercadoria interestadual porque várias transportadoras não querem fazer esse transporte para o Rio de Janeiro. Muitas delas cobram mais caro do que a mesma quilometragem para outros destinos. Algumas transportadoras se recusam, mesmo sendo frete, mesmo cobrando mais. Hoje a gente tem dificuldade na fábrica para contratar. Tem que ter pessoas perto para o deslocamento ser menor possível, porque quanto mais tempo na rua, mais chance de ser assaltado”, disse Thiago de Luca, diretor da Frescato.
E Ouverney, da Firjan, complementa.
“Não é apenas responsabilidade de uma força da Polícia Militar, da Polícia Civil ou da Polícia Federal, mas é fundamental uma ação integrada dessas forças de segurança no território”, disse Ouverney.
A Polícia Civil disse que faz ações para reprimir o roubo de cargas com frequência, que implementou uma força-tarefa, por meio da Operação Torniquete, para combater esse tipo de crime. E que desde novembro de 2022, prendeu 83 pessoas e recuperou 80 veículos.
A Polícia Civil disse ainda que registrou queda de 8% nos casos nos dois primeiros meses desse ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
A Polícia Militar também destacou a queda dos registros esse ano e disse que tem feito reuniões com representantes da Polícia Civil, da Polícia Rodoviária Federal, da Firjan e do sindicato que representa os trabalhadores e as empresas de carga para debater medidas de combate ao roubo de carga.
O Bom Dia Rio pediu o posicionamento da PRF, mas não obteve retorno.
Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/03/27/dados-da-firjan-mostram-que-roubo-de-carga-causou-prejuizo-de-quase-r-390-milhoes-para-o-rj-em-2022.ghtml