Arqueamento de caminhões: A PRF flagrou um caminhoneiro totalmente irregular na BR-324, durante fiscalização na base, em Simões Filho (BA)
Atenuadas pelas resoluções do CONTRAN que estabelecem critérios técnicos construtivos de para-choques traseiros em caminhões e que determinam a obrigatoriedade da utilização de faixas retro refletivas, as mortes no trânsito por colisões traseiras em caminhões voltam a ser uma grande preocupação em relação à segurança veicular.
De tradução livre “entrar por baixo”, o fenômeno underride ocorre pela maior altura da traseira dos caminhões em relação aos automóveis que trafegam em maiores velocidades e que em situação de frenagem tendem a baixar ainda mais a dianteira, desencadeando um efeito de cunha, de elevada gravidade, e resultando, muitas vezes, no efeito guilhotina, responsável por um considerável número de óbitos no trânsito. Soma-se a esses fatores a menor área de iluminação dos caminhões em relação aos automóveis, havendo maior incidência desta modalidade de colisão no período noturno.
Sendo assim, a partir da percepção do caminhão que trafega à sua frente e em menor velocidade, o condutor do automóvel muitas vezes não dispõe de distância de parada suficiente (distância de reação + distância de frenagem) para evitar o embate traseiro. Daí a importância das faixas retro refletivas que melhoram a conspicuidade e aumentam sobremaneira a distância de visibilidade do automóvel em relação ao caminhão.
Ocorre que com o arqueamento da traseira dos caminhões, coloca-se no espectro desta nefasta modalidade de acidentes de trânsito (underride) a colisão traseira entre caminhões, agravando as suas consequências e ainda tornando os caminhões de traseira elevada mais suscetíveis à perda da estabilidade direcional pela menor carga dinâmica no eixo traseiro.
Portanto, esta má prática de alteração da configuração de fábrica de caminhões (de motivação unicamente estética) resulta, juntamente com os excessos de velocidade (incentivados pela drástica diminuição dos controladores de velocidade em nossas estradas), no aumento da estatística de óbitos envolvendo nossos caminhoneiros.
Rodrigo Kleinübing